domingo, 4 de março de 2012

Os militares e a disputa das eleições municipais de São Paulo.

           A possibilidade cada vez mais clara da extrema-direita brasileira perder o comando daquele que talvez seja seu último e principal reduto, a cidade de São Paulo, tem feito com que parte de seus quadros tenha se lançado numa campanha das mais terríveis e sórdidas, parecendo não exitar de se utilizar de qualquer meio para manter suas hostes. 
       Primeiro, estão transformando a eleição paulista numa espécie de terceiro turno das eleições presidenciais de 2010, num revanchismo descarado diante das inúmeras derrotas impingidas pelas esquerdas, nos últimos anos, a nível nacional e em vários estados onde aquelas eram até então soberanas. Não bastasse levar o debate político para o nível dos esgotos, alimentando preconceitos e visões de mundo que em muito ultrapassam o medievalismo da Igreja Católica, estão agora a bater nas portas de nossos quarteis, numa sórdida tentativa de pavimentar o caminho para um possível golpe ou de colocar a possibilidade de um, como elemento de pressão nesta disputa. Ao estilo Lacerda de fazer jornalismo, Reinaldo Azevedo e outros articulistas dos jornalões paulistas já chegaram a convocar, com todas as letras, uma nova marcha da família com cristo pela vida e pela liberdade. 
        Serra, o seu candidato, numa postura claramente articulada com este discurso, tenta viabilizar sua candidatura como aquela que vai salvar São Paulo e, por extensão, o Brasil do lulo-petismo, o novo espantalho posto no lugar do comunismo, e contra o qual toda a direita se arvora combater, supostamente em nome do estado democrático de direito. E é em nome do legalismo que estes mesmos jornalões e seus ventrílocos incitam os militares, iniciando-se por aqueles que estão na reserva, à indisciplina e a desobediência a hierarquia, numa clara afronta a autoridade da presidente e do Ministro da Defesa, seus superiores. 
        Não será surpresa nenhuma se a esta altura, estes mesmo sujeitos já tenham batido às portas dos militares da ativa, sobretudo daqueles saudosos dos tempos da ditadura. Pois, é cada vez mais claro que usarão todos os meios, todos mesmos, para manterem o seu reduto, e o resto dos privilégios que lhe sobram. Mesmo que para isso a democracia seja mais uma vez ameaçada. Não podemos ficar calados diante disto.

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