sexta-feira, 2 de março de 2012

OS HISTORIADORES E A POLÍTICA

             Um "fato", em especial, tem me deixado perplexo ao longo dos últimos anos: a indeferença de boa parte dos historiadores brasileiros, em especial aqueles que lecionam nas intituições do Nordeste brasileiro, diante da polítca, no sentido estrito da palavra. Todos sabemos da dimensão política do trabalho do historiador, daquilo que ele apresenta de contestação a ordem estabelecida ao relativizar seus fundamentos a medida que os historiciza e desnaturaliza-os. No entanto, isto não justifica o silêncio da maioria dos historiadores diante de questões candentes de nosso tempo. Não justifica que a maioria assista impassíveis aos acontecimentos nefastos que cada vez mais se multiplicam diante de nós. Sem tomar um posicionamento, sem tomar partido, a não ser o partido do silêncio, muitas vezes, complacente. Isto talvez se explique pelo ranço que a militância política marxista deixou sobre alguns de nós e que os adeptos de novas tendências tentam negar e fugir dela como o diabo da cruz. Mas, isto não serve para justificar o não se posicionar de forma alguma, o silenciar quando é necessário gritar, o fingir que não é comigo quando a coisa, na verdade, diz respeito a todos. 
            Ultimamente temos visto uma incitação muito clara a um novo golpe ou a preparação do terreno para tal possibilidade por parte de sectos de uma mídia reacionária, conservadora e golpista que, no fundo, no fundo nunca se conformou com a perda de privilégios e a ascenção de um sem número de "miseráveis", como gostam de nomeá-los, à visibilidade social nos últimos anos. Em 2005 tentaram promover um golpe branco, pavimentando o caminho para o impiechment do presidente Lula. Projeto fracassado. Em 2006 tentaram demovê-lo do cargo mediante uma campanha sórdida impetrada contra a sua reeleição. Espediente repetido nas eleições de 2010 e mais uma vez fracassado. Desta vez tentam incitar os militares, eles mesmos, contra um governo legítima e democraticamente eleito, mediante o discurso da defesa do Estado Democrático de Direito e da legalidade perante a sanha petista que estaria tentanto tranformar o Brasil na próxima Venezuela ou quem sabe num protótipo melhorado de Cuba. O Reinaldo Azevedo certo dia desses chegou a convocar uma nova marcha da família com cristo em defesa da vida e da liberdade. José Serra, candidato inúmeras vezes derrotado, se arvora ser candidato a prefeito de São Paulo baseado neste mesmo discurso, se colocando como aquele que vai salvar São Paulo e por extensão o Brasil do petismo. 
           Nós, historiadores conhecemos muito bem onde isso pode dar, se bem que hoje as coisas são mais difíceis de tomar o caminho que tomaram a alguns anos atrás, mas nem por isso a possibilidade deixa de estar colocada. E diante disto não escutamos a voz quase nenhum historiador...nada, siléncio total. Indiferença quase que total. Profunda despolitização do historiador. Estamos nos tornando seres apolíticos, quando muito reservamos o questionamento político apenas àquilo que escrevemos. Mas, só isto não basta. É preciso nos colocarmos de corpo também, é preciso nos postamos diante das questões de nosso tempo, porque elas são nossas também. Ou será que não aprendemos com os exemplos de Bloch, de Foucault e outros...

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