sexta-feira, 12 de abril de 2013

EM DEFESA DA DIFERENÇA.

       Esta balburdia em torno da figura tosca, grotesca do Pastor Marcos Feliciano, um aspirante a Bolsonaro, que antes de qualquer coisa está se deliciando com seus 15 minutos de (in)fam(i)a, já está ganhando contornos de dramalhão mexicano, onde, no final, todos saem perdendo, inclusive, e, sobretudo, o espectador, tamanha canastrice dos atores envolvidos. O que se exponencia em tempos de internet e redes sociais, onde a maioria deixa de ruminar as informações e passam ao típico comportamento bovino em estouro de manada. 
          De um lado, aqueles que se armam em torno de uma verdadeira cruzada religiosa sem fundamento e sem sentido, pautada apenas no obscurantismo de posturas retrógradas e reacionárias, quando não preconceituosas, racistas e intolerantes. De outro, militantes "gays" que no afã de reivindicarem direitos mais que justos degringolam para a militância intolerante, para um embate desnecessário do qual os resultados nem sempre são os esperados, pois, na maioria das vezes, o discurso que assumem é o da identidade fixa, princípio de todo movimento político de afirmação, mas que ao fim e ao cabo descamba para posturas intolerantes e para o não diálogo, para um debate vazio e acéfalo que em nada contribui para a construção de uma sociedade que não só respeite as diferenças, mas que a aceite como uma das características fundamentais daquilo que somos: humanos. 
       Neste sentido, este debate, da forma como vem sendo travado, passa ao largo de um suposto embotamento da realidade que se ergueria como uma cortina de fumaça para o velamento de assuntos mais estruturais - a nossa realidade política, por exemplo -, como procura sugerir certas leituras marxistas. Passa ao largo também de uma suposta perseguição religiosa ao mundo cristão, uma espécie de cristofobia, como querem alguns fundamentalistas. Isto dificilmente ocorreria no Brasil, país predominantemente cristão (seja católico ou protestante), inclusive entre a sua população "gay". Portanto, o discurso da perseguição religiosa não se sustenta, não tem fundamento. 
         A reação a figura de Feliciano em nada tem a ver com o fato dele ser ou não cristão, mas, sobretudo, ao fato de defender posições e estimular práticas que não condizem com a dignidade humana, de propalar um discurso de origem racista, homofóbica e, por que não dizer, facista que não deveria caber mais em nossos dias, em nossa sociedade. Portanto, o debate não se trata de uma renhida disputa ou "guerra", como muitos espíritos de porco (perdoem-me os porcos) querem fazer crer e guiar a muitos, entre "Cristãos" e "Homossexuais", mas se trata ou pelo menos deveria se tratar do combate à praticas e a discursos que jamais deveriam ser tolerados, pronunciados e aceitos por uma sociedade que se quer civilizada e racional, que se diz humana, mas que a cada dia que se passa tolera menos o outro, o humano no outro, em especial quando este outro não é o seu espelho. É para esta batalha que deveríamos canalizar nossas melhores energias e não para dar ibope a um mequetrefe da estirpe de Marcos Feliciano. Sem mais.

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