Esta balburdia em torno da figura tosca,
grotesca do Pastor Marcos Feliciano, um aspirante a Bolsonaro, que antes
de qualquer coisa está se deliciando com seus 15 minutos de (in)fam(i)a,
já está ganhando contornos de dramalhão mexicano, onde, no final, todos
saem perdendo, inclusive, e, sobretudo, o espectador, tamanha canastrice
dos atores envolvidos. O que se exponencia em tempos de internet e redes
sociais, onde a maioria deixa de ruminar as informações e passam ao
típico comportamento bovino em estouro de manada.
De um lado, aqueles
que se armam em torno de uma verdadeira cruzada religiosa sem fundamento
e sem sentido, pautada apenas no obscurantismo de posturas retrógradas e
reacionárias, quando não preconceituosas, racistas e intolerantes. De
outro, militantes "gays" que no afã de reivindicarem direitos mais que
justos degringolam para a militância intolerante, para um embate
desnecessário do qual os resultados nem sempre são os esperados, pois,
na maioria das vezes, o discurso que assumem é o da identidade fixa,
princípio de todo movimento político de afirmação, mas que ao fim e ao
cabo descamba para posturas intolerantes e para o não diálogo, para um
debate vazio e acéfalo que em nada contribui para a construção de uma
sociedade que não só respeite as diferenças, mas que a aceite como uma
das características fundamentais daquilo que somos: humanos.
Neste
sentido, este debate, da forma como vem sendo travado, passa ao largo de
um suposto embotamento da realidade que se ergueria como uma
cortina de fumaça para o velamento de assuntos mais estruturais - a nossa realidade política, por exemplo -, como
procura sugerir certas leituras marxistas. Passa ao largo também de uma
suposta perseguição religiosa ao mundo cristão, uma espécie de
cristofobia, como querem alguns fundamentalistas. Isto dificilmente
ocorreria no Brasil, país predominantemente cristão (seja católico ou
protestante), inclusive entre a sua população "gay". Portanto, o
discurso da perseguição religiosa não se sustenta, não tem fundamento.
A
reação a figura de Feliciano em nada tem a ver com o fato dele ser ou
não cristão, mas, sobretudo, ao fato de defender posições e estimular
práticas que não condizem com a dignidade humana, de propalar um
discurso de origem racista, homofóbica e, por que não dizer, facista que
não deveria caber mais em nossos dias, em nossa sociedade. Portanto, o
debate não se trata de uma renhida disputa ou "guerra", como muitos
espíritos de porco (perdoem-me os porcos) querem fazer crer e guiar a
muitos, entre "Cristãos" e "Homossexuais", mas se trata ou pelo menos
deveria se tratar do combate à praticas e a discursos que jamais
deveriam ser tolerados, pronunciados e aceitos por uma sociedade que se
quer civilizada e racional, que se diz humana, mas que a cada dia que se
passa tolera menos o outro, o humano no outro, em especial quando este
outro não é o seu espelho. É para esta batalha que deveríamos canalizar
nossas melhores energias e não para dar ibope a um mequetrefe da estirpe
de Marcos Feliciano. Sem mais.
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