Ahhh
esses tempos de facebook, de twitter, de blogs; enfim, de
internet...ele nos faz ver e pensar cada coisa...umas absurdas,
ridículas outras sérias, extremamente sérias. Tempos de uma informação
rápida, veloz, de efeito fulminante; mas, quando nos damos conta,
quando conseguimos ruminá-la a contento ela já passou, é velha, mais um
pouquinho objeto de museu, um pouquinho mais está enterrada na
vala comum e derradeira do esquecimento, o cemitério de todos nós.
Informações que além de circularem velozmente no tempo e se prolongarem
ad infinitum por todo e qualquer espaço, têm o poder de se multiplicar,
de se replicar num efeito gremelin a enésima potência. Diante dela,
nossa capacidade de analisá-la, de interpretá-la parece estar a cada dia
mais impotente. Incapazes de resistir a seu fluxo frenético, a maioria segue seu
curso aligeiradamente, apressadamente; impossibilitada que está de parar
para tomar uma ar, um fôlego, sob pena de morrer, não por afogamento,
mas por atropelamento, pisoteados e deixados para trás no percurso de sua produção,
esquecidos na poeira do tempo. Acompanhar seu fluxo é uma sandice, parar
diante dele pode significar a possibilidade do fim...fim das certezas,
perca da noção de realidade, imersão nos simulacros e seus hipertextos,
hiperespaços, hipertempo...e a maioria, como não deseja nem uma coisa
nem outra, se entrega a lógica replicante da informação, repetindo-a ad
infinitum, tentando imprimir com isso o significado de que está atento a
ela, está atualizado, de que ao invés de galopado por ela está a
galopá-la, segurando suas rédeas da forma mais firme possível...ledo
engano. A informação já lhe domou, ela lhe galopa num mundo de
simulacros onde a maioria não consegue mais distinguir ou identificar o que seja o
atual, o real e o virtual...tudo se equivale, tudo é mais do
mesmo...apenas copiado, curtido, recomendado, compartilhado, retuitado como se
estes gestos virtuais, por si mesmos, significassem alguma coisa,
exprimissem algum sentido para além da virtualidade que os interpõe e
dispõem a um toque do cursor.
Para quê este introito todo? Para dizer que estou de saco cheio dessas cantilenas
ligeiras, apressadas e acríticas que a maioria curte, compartilha ou
recomenda, principalmente quando vem travestido de intelectualismo
barato, ou melhor, de um internetês itelectualoide tipo: mais dinheiro
para educação, não a Belo Monte, abaixo a corrupção, matem a enfermeira,
defendam os pandas, pena de morte já (para humanos, sempre para os humanos), salvem os animais,
não maltratem os cachorros, afoguem os nordestinos, o Neymar é
craque...e por ai vai...não que estas coisas não tenham um fundo de
seriedade ou que não mereçam serem discutidas, a questão não é essa. Mas
replicá-las, curti-las, compartilhá-las sem ao menos parar para pensar
sobre elas é no mínimo cretinice, vigarice intelectual daqueles que
assim se acham, e babaquice, idiotice, ignorância daqueles que querem
parecer intelectualizados ou descolados...é preciso ruminar, como diria
Nietzsche, as coisas, pelo menos para se ter o mínimo de bom
senso - algo muito em falta nestes tempos de internet - mesmo que isso
signifique, na visão de muitos, a possibilidade do esquecimento e o
ridículo de ter ficado para trás...mas, mesmo assim, não é de mais
lembrar, ficar para trás, mas situado no cimo de uma montanha é muito melhor do que se encontrar
algumas léguas a frente, na planície, prestes a ser afogado ou tragado por um
tsunami...de informações.
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