quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cronica dos tempos de Facebook e twitter: quando parecer intelectual virou moda?

                  Ahhh esses tempos de facebook, de twitter, de blogs; enfim, de internet...ele nos faz ver e pensar cada coisa...umas absurdas, ridículas outras sérias, extremamente sérias. Tempos de uma informação rápida, veloz, de efeito fulminante; mas, quando nos damos conta, quando conseguimos ruminá-la a contento ela já passou, é velha, mais um pouquinho objeto de museu, um pouquinho mais está enterrada na vala comum e derradeira do esquecimento, o cemitério de todos nós. Informações que além de circularem velozmente no tempo e se prolongarem ad infinitum por todo e qualquer espaço, têm o poder de se multiplicar, de se replicar num efeito gremelin a enésima potência. Diante dela, nossa capacidade de analisá-la, de interpretá-la parece estar a cada dia mais impotente. Incapazes de resistir a seu fluxo frenético, a maioria segue seu curso aligeiradamente, apressadamente; impossibilitada que está de parar para tomar uma ar, um fôlego, sob pena de morrer, não por afogamento, mas por atropelamento, pisoteados e deixados para trás no percurso de sua produção, esquecidos na poeira do tempo. Acompanhar seu fluxo é uma sandice, parar diante dele pode significar a possibilidade do fim...fim das certezas, perca da noção de realidade, imersão nos simulacros e seus hipertextos, hiperespaços, hipertempo...e a maioria, como não deseja nem uma coisa nem outra, se entrega a lógica replicante da informação, repetindo-a ad infinitum, tentando imprimir com isso o significado de que está atento a ela, está atualizado, de que ao invés de galopado por ela está a galopá-la, segurando suas rédeas da forma mais firme possível...ledo engano. A informação já lhe domou, ela lhe galopa num mundo de simulacros onde a maioria não consegue mais distinguir ou identificar o que seja o atual, o real e o virtual...tudo se equivale, tudo é mais do mesmo...apenas copiado, curtido, recomendado, compartilhado, retuitado como se estes gestos virtuais, por si mesmos, significassem alguma coisa, exprimissem algum sentido para além da virtualidade que os interpõe e dispõem a um toque do cursor. 
 
            Para quê este introito todo? Para dizer que estou de saco cheio dessas cantilenas ligeiras, apressadas e acríticas que a maioria curte, compartilha ou recomenda, principalmente quando vem travestido de intelectualismo barato, ou melhor, de um internetês itelectualoide tipo: mais dinheiro para educação, não a Belo Monte, abaixo a corrupção, matem a enfermeira, defendam os pandas, pena de morte já (para humanos, sempre para os humanos), salvem os animais, não maltratem os cachorros, afoguem os nordestinos, o Neymar é craque...e por ai vai...não que estas coisas não tenham um fundo de seriedade ou que não mereçam serem discutidas, a questão não é essa. Mas replicá-las, curti-las, compartilhá-las sem ao menos parar para pensar sobre elas é no mínimo cretinice, vigarice intelectual daqueles que assim se acham, e babaquice, idiotice, ignorância daqueles que querem parecer intelectualizados ou descolados...é preciso ruminar, como diria Nietzsche, as coisas, pelo menos para se ter o mínimo de bom senso - algo muito em falta nestes tempos de internet - mesmo que isso signifique, na visão de muitos, a possibilidade do esquecimento e o ridículo de ter ficado para trás...mas, mesmo assim, não é de mais lembrar,  ficar para trás, mas situado no cimo de uma montanha é muito melhor do que se encontrar algumas léguas a frente, na planície, prestes a ser afogado ou tragado por um tsunami...de informações.

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