segunda-feira, 30 de julho de 2012

A PRODUÇÃO DA VERDADE EM TEMPOS DE INTERNET

           A guerra em torno da produção da verdade nas sociedades ocidentais sempre foi encaniçada. No entanto, nestes tempos de rede mundial de computadores ela ganha contornos jamais vistos. A verdade não se diz mais, tão somente, a partir da autoridade de quem fala e dos critérios e regras de validação utilizados para a sua produção. A verdade nestes tempos está muito mais ligada a velocidade, a instantaneidade de sua anunciação e circulação do que propriamente relacionada a qualquer outro critério. Ela têm de ser instantânea, tem de ser confundida com o próprio "fato" a que remete, pela velocidade de sua produção e circulação, não há mais uma fissura de espaço-tempo a rasurar a relação palavra/fato, um quer se dizer no outro ou um se diz no outro, sem a possibilidade de fratura entre ambos. A verdade se diz "ao vivo", ou pelo menos, é assim que os novos lugares de produção da mesma tentam fazer crer aos ouvidos e, sobretudo, aos olhos mais desavisados. 
         E esta é outra característica deste novo regime de produção da verdade, ele é mais visual que auditivo, tactil, olfativo. Ele se dá por imagens, na tela de um computador, de um tablet, de um iphone, de um celular e, ainda, nos televisores. E neste processo, a verdade de tão veloz que circula, torna-se descartável, uma produção de verdades em cascata, em que uma verdade rapidamente sucede a outra, numa clara tentativa de nos imergir numa verdade mais permanente, mais duradoura, garantida pela vertigem causada pela velocidade de sua produção. Uma verdade parindo outra, uma verdade dentro da outra gestando um mundo de simulacros, onde é cada vez mais difícil distinguir o que é atual e o que virtual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário