quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A DEMOCRACIA EM RISCO?

         O ano que termina não foi dos mais exitosos para a democracia, no sentido mais amplo que possamos dar a essa palavra. Ela foi assaltada, espoliada, atacada, ferida e ameaçada muitas vezes sob os auspícios da liberdade de imprensa e dos conglomerados midiáticos alinhados com o que há de mais reacionário, autoritário e conservador e facista em nossas sociedades. E isto aconteceu em países e nações onde a democracia parecia assentada e segura, onde ela era e é colocada como um valor superior de civilização, em especia na Europa e nos EUA. Naquele continente ela foi submergida nos e aos interesses nefastos do rentismo, que promoveu verdadeiros golpes de estado na Grécia e na Itália sob os auspícios de governos complacentes e subservientes e de uma mídia e de intelectuais que fazem eco ao saber produzido pelo capital especulativo. Nos EUA a democracia sucumbiu a política do medo e da guerra e ao conservadorismo Tea Party, levando o governo Obama a se tornar tão conservador e reacionário quanto o seu antecessor, o governo Bush.
      Mas, estes acontecimentos não são prerrogativas apenas do primeiro mundo. Aqui no Brasil a democracia, pubere e ingênua, continua sob ameaça, principalmente diante de uma imprensa de extrema direita, reacionária e conservadora que mal disfarça a saudade da democracia da ditadura, o gosto pelo elitismo como modo de vida, a aversão ao pobre, a periferia e tudo aquilo que remeta a uma participação mais igualitária do cidadão comum na sociedade como um todo. Nossa mídia com a anuência, ajuda e complacência de alguns partidos de direita no país - digo PSDB, DEM e PPS - não se fizeram de rogados em despertar e incintar um sem números de preconceitos e posturas facistas na população numa tentativa das mais sordidas em retomar o poder político que perderam no início da década passada, jurando defender a democracia e em nome de uma liberdade de impressa unilateral e de sentido único. Imprenssa esta que mal consegue disfarçar o desejo de dar um golpe de estado e tomar o "poder" a e pela força, já que pelo voto e por meios democráticos, tal cenário se configura quase que surreal nos próximos anos. 
          Neste sentido, a democracia vem sendo constantemente vilipendiada, assacada e nós, principalmente nós historiadores - salvo algumas excessões -, fazemos ouvidos moucos, olhos cegos, e boca calada diante de tais situações, como se isso não nos disse respeito, talvez esperando o tempo passar para que ai sim possamos atuar, quando o presente for passado e assim possamos atuar mais confortáveis diante dos problemas daquele tempo que um dia foi presente, e que agora urge por ações firmes em defesa da democracia, não só como conceito, mas como prática. Enfim, urge uma defesa das práticas democráticas de nosso tempo, cada dia mais limitadas por mais que queiram nos dizer o contrário. Precisamos estar alertas, para que daqui a alguns anos não nos voltemos para esse tempo para falar apenas de facismo, de ditadura, de opressão, de conservadorismo. Não deixemos para a posteriori um combate que precisa ser travado hoje. Urge combater estas práticas no presente, pois isso diz respeito também aquilo que nos é mais caro, viver.

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