quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

SOBRE BBB

         Não acho que assistir ao BBB seja tão irrelevante, "incult", não reflexivo como muitos gostam de apregoar, muitas vezes para se mostrar ou se apresentar como aquilo que não são ou que são apenas por rarissimos momentos do dia, em especial diante de quem é conveniente se apresentar assim. Mas, vamos a minha "reflexão" sobre o BBB. Assistir ao BBB "serve" - vou utilizar este termo entre aspas justamente para destacar como a nossa sociedade ainda opera por uma lógica utilitarista, onde até o divertimento tem de servir para alguma coisa, nossa sociedade e seus vigias de plantão não aceitam a diversão pela diversão, o divertimento puro e simples, claro que o BBB estrapola a alçada da simples diversão para uma dimensão mais elaborada e mercadológica do mesmo, o entretenimento, não quero negar isto - para termos uma ideia ou uma imagem da sociedade em que vivemos, não tanto pelos participantes que lá estão "servindo" como animais do nosso zoo pós-moderno, ou pela visão que temos do programa em sí, mas, antes de tudo, para considerarmos qual a ideia que os conglomerados midiáticos deste páis, em especial as Organizações Globo, têm da sociedade a qual eles destinam os seus programas de entretenimento, dentre eles o BBB. 
          Neste sentido, o BBB é um espelho muito claro, muitas vezes tão transparente que ofusca a visão daqueles que obsevam daqui de fora e ficam com a visão embarçada para enxergar que o BBB é uma metáfora de como a Globo nos pensa como sociedade. Uma sociedade ainda vista como rebanho, que precisa ser estimulada, adestrada, contingenciada, instigada por um adestrador de circo que muitas vezes aparece travestido de pseudo intelectual canastrão, bem à moda. Uma sociedade de bundas, pernas, músculos, corpos e pouco cérebro. Uma sociedade que, portanto, necessita ser vigiada, dia e noite, regrada, observada, punida, quando necessário. Se o Bial e o Boni são os grandes irmãos do BBB - espero que tenham entendido o trocadilho - a GLOBO e os Marinho seriam os nossos, a zelar, a vigiar, a controlar nossos execessos - no duplo sentido do termo -, a nos guiar como sociedade, como povo e como nação. Dentre outras coisas o BBB "serve" para isso, mas deve "servir" também para nos entreter, nos divertir e tripudiar, sobretudo, da impáfia e prepotência de nossos grandes irmãos que ainda continuam achando que também nos vemos assim como eles nos enxergam. Talvez, só quando nos seja conveniente.

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