Muito me preocupa uma determinada visão, produzida em larga escala por nossa mídia reacionária, conservadora e de extrema direita, a cerca da política e dos políticos. Primeiro, esta visão procura repercutir a ideia de que política não se discute ou só se discute pelos pares, que ela não faz parte das relações sociais cotidianas e que, portanto, seria uma dimensão a parte, onde estariam reservados os piores valores de nossa sociedade. Segundo, decorrente desta primeira perspectiva, a de que quem se envolve com política e na política não presta, ou se presta logo se corromperá, reverberando assim, portanto, na produção da falácia de que todo político é corrupto, safado e se não o é ainda, é porque não teve oportunidade. Esta visão que está se tornando senso comum e reverberando na consolidação de uma cultura política em nosso país que termina por afastar a maioria dos cidadãos desta esfera crucial da vida em sociedade, terminando por alimentar a descrença e o descrédito nas nossas instituições ao colocar no mesmo saco de gatos, políticos como Renan Calheiros e Cristovam Buarque, Jader Barbalho e Jean Willis.
Além disto, esta visão de política alimenta entre os cidadãos comuns a mentalidade de que eles fariam o mesmo se estivessem no lugar daqueles, ou seja, alimenta uma visão complacente em torno da corrupção e, sobretudo, naquilo que é pior, mascarando a ação daqueles que são os principais agentes e interessados neste processo todo, os corruptores, quase todos eles vindos da esfera privada e a quem a grande mídia pouco dá atenção, como se a corrupção privada não fosse um problema, um dos mais graves para a nossa nação. Só há corruptos - não só políticos, mas também juristas, intelectuais etc - porque há corruptores, quase todos eles ligados a grandes empresas privadas em busca de transformar aquilo que é público em lucro privado. Mas, a nossa mídia pouco fala sobre isso, talvez porque ela seja também uma das maiores corruptoras e beneficiárias da corrupção em nosso país.
Precisamos ficar atentos a isso, principalmente porque em 2012 estaremos em ano eleitoral e ao invés de renegar a política devemos nos imiscuir nela, para que os interesses da população, do público prevaleçam sobre àqueles interesses privados e deletérios daqueles que querem fazer acreditar que política não se discute e que todos os políticos são corruptos.
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