quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SER DO CONTRA NÃO SIGNIFICA SER CRÍTICO.

         A moda agora é ser contra tudo que parece ir de encontro ao politicamente correto, como se ser do contra fosse sinal de ser crítico. Muito pelo contrário, ser do contra na maioria das vezes revela a ignorância diante das coisas, a simplificação diante do questionamento mais apurado e perspicaz, ser do contra muitas vezes reproduz o conservadorismo imbutido nos discursos da rejeição a determinada coisa. Ser do contra não significar ser esclarecido para se colocar contrário a uma tese, a um projeto. Ser do contra em grande medida é sê-lo sem argumentos, muitas vezes só para se mostrar crítico dinte do mundo, porque ser crítico dinte do mundo, no mundo em que vivemos, se tornou "cult", significa ser diferenciado dos demais, estar numa suposta posição de leitura e observação do mundo privilegiada em relação a um "resto alienado e acrítico". 
            No entanto, ser do contra é ser muito mais conservador do que quem não tem opinião formada diante de nada e não tem vergonha de afirmar que não tem simplesmente porque não conhece do assunto. As pessoas deviam se portar assim, por exemplo, diante de questões como a construção da Usina de Belo Monte, que muitos aderem a corrente do contra a usina sem nem ao menos saber o que é; como se Belo Monte fosse inundar toda a Amazônia, como se fosse afogar todos os indios e acabar com toda fauna e flora da região. São do contra apenas porque outros de sua rede também o são, então vamos ser também para se inserir na rede, para entrar na moda. Cada dia mais as redes sociais mostra o primitivismo do comportamento de rebanho que enreda a maioria das pessoas, desta vez no modismo de "ser docontra".

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